Um documento sem nome, vazio, aparentemente marca o início, mas marca uma inocente e perigosa continuidade que bloqueia a verdadeira consciência individual.
Desprovido de rancor, insurgiu-se contra a humanidade que o criou e ensinou-lhe tudo o que sabia: A falar, a agir, a pensar, o passado, o futuro, e o presente. Sempre foi um processo de aprendizagem constante sobre uma lista carregada de regras para a construção do ser.
Não há espaço e não há tempo para a verdadeira inovação pessoal, porque liberdade numa sociedade significa anarquia, e por conseguinte, guerra, destruição, e a perda dos direitos humanos. A liberdade luta contra a humanidade, contra a sociedade, e a única forma disto não ser verdade, era se todos pensássemos exactamente da mesma maneira por pura coincidência.
Pensamos e agimos sobre constante influência, porque tudo o que ouvimos e aprendemos fica guardado na nossa memória, e é utilizado para a construcção das nossas ideias, que até podem ser originais no sentido em que não existiam antes, mas foram construídas através do que conhecemos, e é impossível para um ser humano em sociedade, pensar de forma completamente livre. Como é que apagamos tudo o que sabemos, e criamos seja o que for com a consciência de que não fomos influenciados?
A única forma de se ser verdadeiramente livre, é de viver isoladamente e em ignorância, porque basta uma única pessoa para nos fazer agir de maneira diferente, e sub-conscientemente tomarmos decisões que alteram a nossa forma de pensar. Mas será que um ser livre, isolado e ignorante, teria a capacidade mental para ser livre do seu próprio corpo? Não estaria também ele preso às leis do universo e do acaso?
No fundo, a liberdade que conhecemos não é mais que a ponte que liga a sociedade, o pensamento e o livre arbítrio. A liberdade são as regras que impomos a nós próprios para que haja um equilíbrio que nos permita existir, ser livres e ter consciência disso mesmo, porque de outra forma, a liberdade simplesmente não existe, ou vai contra tudo o que lutamos.